UM CORPO VIVO
_Adriana Laión

Lacan no Seminário "Mais ainda" nos diz: " Não sabemos o que é estar vivo, a não ser por isto que um corpo é algo que se goza. Não se goza senão o corporalizando de maneira significantiva" [1].

Não sabemos o que é vida, só sabemos que sem ela não há gozo. Podemos precisar que o conceito analítico da "vida" é o gozo. Trata-se da vida sob a forma do corpo vivo. O corpo é impensável sem o corpo vivo. Não se trata somente do corpo imaginário, do corpo de acordo com a sua forma do Estádio do espelho, tão pouco do corpo simbólico onde se destaca o valor significante, senão do corpo vivo afetado pelo gozo. O corpo então é substância gozante, isso não fala, isso goza goza fora do sentido.

É necessário o discurso analítico para que isto se ponha a falar, faz falta uma operação de passagem pelo Outro, como indica Eric Laurent na entrevista publicada na última revista "Enigmas do corpo"[2]. Agrega algo mais que me parece um ensino valioso, "fazê-lo falar no sentido de uma palavra criacionista". Perguntei-me o que implica essa palavra criacionista já que a criação é ex-nihilo, parte do nada, diferente da invenção que se dá de materiais já existentes. Nesse parágrafo indica uma nova perspectiva que põe ênfase no aspecto de criação da operação analítica. Compartilho com vocês porque posso vislumbrar nesta perspectiva um dos novos desafios para a psicanálise que particularmente implica para mim a prática com crianças.

Adriana Laión. AME da AMP,
Seção Córdoba EOL

Traduçao: Inês Seabra Rocha Traduçao: Inês Seabra Rocha
Revisão: Lucia Mello

NOTAS

  1. Lacan, Jacques. Seminario 20, Aún. Ed. Paidós. Buenos Aires. 1998. Pág. 32
  2. Laurent, Eric. "Se habla del cuerpo". Revista de psicoanálisis Enigmas del cuerpo Nº 7. Publicación anual del Departamento de Estudios "Psicoanálisis y Cuerpo" CIEC. Cordoba, Argentina. 2016