EDITORIAL
_Susana Goldber

Caros leitores:

O convite do Comitê de Iniciativa do Instituto da Criança apresenta aos psicanalistas um novo e urgente desafio: Iniciar uma tarefa de pesquisa em torno do tema “A Sexuação nas Crianças”.

As transformações da época interpelam os analistas. Mais uma vez Rayuela se coloca como uma tela para dar espaço aos traços de saberes e questionamentos. Reflexões, escritos que vão contornando e distinguindo o que não se sabe. Por isso, convidamos vocês a contribuir com as reflexões, os ensinamentos, as investigações, os testemunhos que a clínica propõe e que leva a questionar saberes vigentes e, portanto, à produção de novos saberes.

Nesta edição de Rayuela contamos com as preciosas contribuições de Daniel Roy e de Marie-Hélène Brousse. Seus escritos abordam o tema da diferença sexual.

Estes textos, como os leitores apreciarão, nos dão a oportunidade - imbatível - de orientar-nos na investigação do tema da sexuação nas crianças. Sugiro também levar em consideração a bússola essencial das referências que os autores colocam na parte inferior da página em seus escritos.

O texto de Daniel Roy “Quatro perspectivas sobre a diferença sexual” comporta um percurso exaustivo sobre o tema na obra de Freud e Lacan. Como afirmado por M.H. Brousse em seu texto “... Daniel Roy levou a cabo uma façanha, organizando os avanços sucessivos, desde Freud até Lacan, sobre o tema do qual nos ocupamos: a diferença sexual. Pintou o panorama exatamente como ele aparece hoje na Orientação Lacaniana desenvolvida por Jacques-Alain Miller com a ajuda de uma bússola, o gozo, conceito confuso. O fez introduzindo em sua abordagem as importantes mudanças que ocorreram no discurso do amo e seu reverso, o discurso analítico”.

Enquanto o texto de Marie-Hélène Brousse “O buraco negro da diferença sexual” fornece, segundo ela, “pistas suplementares de investigação” - absolutamente necessárias - nas quais abrange temas como o poder do binário da diferença onde precisa que a diferença, que funda a ordem simbólica e alimenta as satisfações imaginárias, tem efeito de real. Questionamentos que atravessam e marcam o texto de M.H. Brousse: “...Nos tempos da ordem de ferro do social, onde está aninhada a diferença sexual?”; “Na época em que o status da criança na família mudou, onde o produto se tornou o fundamento, como a criança aborda a falta, esse menos, inevitável, consequência da linguagem sobre os corpos e no laço do discurso?”; “Como a criança fala a escolha de seu modo de gozo singular?”.

Querido leitor, replicamos o convite para percorrer os novos caminhos epistêmicos pelos quais nossa prática como psicanalistas nos impulsiona e com muita satisfação receberemos, mais uma vez, suas contribuições sobre o tema "A sexuação nas crianças" nos próximos meses.

Tradução: Tainã Rocha.